“Para cada tipo de gasto é preciso ter um comparativo entre a renda e o quanto se tem disponível para a despesa. Mas o que tem acontecido é que as pessoas estão gastando acima do limite”, critica.
Para quem pretende não ter dor de cabeça no futuro com as contas, o importante é aprender a organizá-las antes mesmo de partir para o consumo. Uma saída é recorrer aos vários cursos de educação financeira gratuitos disponíveis na internet. Muitos são de instituições já conhecidas dos brasileiros.
Um deles é oferecido pela BM&FBovespa. O curso aborda temas como a Importância da Educação Financeira, Consumo, Como a Moeda é Usada na Economia e Investimentos e Investidores. Alguns tópicos precisam ser atualizados, mas os fundamentos permanecem os mesmos.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece três cursos de graça online: Como Organizar o Orçamento Familiar, Como Fazer Investimentos e Como Planejar a Aposentadoria. Outra alternativa está disponível no site da Serasa Experian, que oferece um simulador financeiro e várias opçõespara ajudar o consumidor, além do site do Banco do Brasil, que oferece várias dicas para a elaboração de planejamento financeiro pessoal.
O Banco Central oferece um serviço conhecido como calculadora do cidadão,
que permite a simulação de aplicações com depósitos regulares e de
financiamentos com prestações fixas, a correção de valores com base em
diversos indicadores econômicos e o cálculo de valores futuros de um
capital, entre outros.
Para
o diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), Louis Frankenberg, existem
alguns fatores importantes que podem ainda ser observados por quem
precisa organizar as finanças e se planejar.
Ele
lembra que até profissionais de finanças não têm o hábito de fazer o
próprio orçamento de receitas e despesas domésticas de um ano para o
outro. Frankenberg confessa que ele mesmo, que é contador e atuário, só
põe em prática o que aprendeu na faculdade quando passa a perceber
“anormalidades financeiras” nas contas.
Ele
sugere o levantamento de alguns requisitos, tanto por parte dos
casados, quanto dos solteiros, com ou sem filhos, ao planejar as contas.
A proposta não é uma “receita de bolo” e para o planejador financeiro
pessoal é importante que cada pessoa faça a própria relação, sem
esquecer de incluir uma reserva para emergências.
O diretor destaca que é importante fazer o
planejamento de receitas e despesas, mas também pensar no longo prazo,
como na aposentadoria. Ele lembra que a população brasileira está
vivendo mais e é comum as pessoas chegarem aos 85 ou 90 anos de idade.
“São 20 ou 30 anos como aposentado. Tem que ter o suficiente para manter
a vida confortável. É preciso seguir o exemplo do esquilo que guarda
nozes no tronco de árvores para o inverno”, diz.
Frankenberg
orienta as pessoas a calcular quanto tempo falta para a aposentadoria e
qual o patrimônio financeiro acumulado. Para ele, a acumulação de
patrimônio e de fontes adicionais de renda deve ser observada em função
da idade atual e do tempo que falta para a aposentadoria.
O
segundo ponto a ser observado é o comprometimento da renda com moradia e
quanto é preciso para complementar, seja com o plano de previdência
privada ou de outra forma, o valor recebido pela aposentadoria do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso significa que a pessoa
terá que se preparar melhor para ter algum tipo de rendimento por mais
alguns anos. Além disso, há as despesas médicas e os valores cobrados
pelos planos de saúde, cada vez mais caros, para quem tem mais idade.
Outra
sugestão é que a pessoa deve se perguntar se a melhor educação para si e
seus filhos irá custar muito dinheiro (poderá absorver de 20% a 30% de
suas receitas líquidas) e se esse fator é levado em consideração no seu
orçamento mensal. Além disso, mesmo em queda, existe a inflação e a
depreciação moeda ao longo dos anos.
Para
o diretor da Anefac, é importante que cada pessoa inicie imediatamente
um programa de gradativa acumulação patrimonial para não ter surpresas
no futuro. Para isso, segundo ele, os fundos de previdência complementar
são importantes, mas é preciso fazer outros investimentos, de forma
diversificada, como em caderneta de poupança, CDBs, fundos de ações,
entre outros. “O fundo de previdência complementar é uma opção, mas não
se sabe se esse grupo vai falir no futuro ou se administra mal o
dinheiro. E aí não poderá pagar tudo o que prometeu.”
Frankenberg
defende ainda que os cidadãos sejam assessorados por “pessoas neutras,
de confiança e com bastante conhecimento” na hora de investir dinheiro.
“O gerente de banco não vai ter a preocupação de atender ao cliente de
acordo com o seu perfil. É preciso procurar por consultores que não
estejam diretamente interessados na venda de um produto”, acrescenta.
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